5 de abril de 2011

TEMPESTADE

(REMBRANDT - TEMPESTADE NO MAR DE GALILEE)


Quebrantam-se os alicerces em sintonia com o eco

das vozes escorridas da devassa humana.

Bons deuses! Esses que se procuram a cada vaga

da insónia desdita da fé dos homens.

O que restará passada a maleita do tempo?

E nu vagueias, receoso da sombra que te veste.

Como se também fosse obra da Tormenta levá-la.

Homem, o lamento não inflama a barca,

nem tão pouco lhe serve de ancoradouro

passadas que sejam as volúpias das Fúrias.

Aos deuses, nem o grito mais fero, lhes ressoa

quando, passada a tempestade é pelo lodo

que anseias para enroupar a nudez de Ser.

Com que ficamos depois da tempestade?

Com três vinténs de cacos e a obra por iniciar.

E os deuses? Oh Homem, esses, já têm a obra feita!