(REMBRANDT - TEMPESTADE NO MAR DE GALILEE)
Quebrantam-se os alicerces em sintonia com o eco
das vozes escorridas da devassa humana.
Bons deuses! Esses que se procuram a cada vaga
da insónia desdita da fé dos homens.
O que restará passada a maleita do tempo?
E nu vagueias, receoso da sombra que te veste.
Como se também fosse obra da Tormenta levá-la.
Homem, o lamento não inflama a barca,
nem tão pouco lhe serve de ancoradouro
passadas que sejam as volúpias das Fúrias.
Aos deuses, nem o grito mais fero, lhes ressoa
quando, passada a tempestade é pelo lodo
que anseias para enroupar a nudez de Ser.
Com que ficamos depois da tempestade?
Com três vinténs de cacos e a obra por iniciar.
E os deuses? Oh Homem, esses, já têm a obra feita!