29 de novembro de 2012

PELÍCULA

(IMAGEM RETIRADA DAQUI)



A ausência de mim por entre estas grades…

É curta a distância que me separa da realidade dos outros.

Quase… o quase palpável desse mundo de infinitas possibilidades.

E eis-me aqui! Cru, frio, estanque!



Memória… de que me serve ela no alude cinzento dos dias?

Para quê ser fragata, ou, desova de ideias

Se é deserto, chumbo e gelo o que me cerca?



Cárcere composto pelas boas práticas,

Rácio de compressão humana.

Mentes brilhantes, essas, que de falácia em falácia

Guilhotinam no espectáculo da corte, a alma.



De que pode um Homem ser?

Entre a ditadura de duas ou três montras

E o espectáculo dos espelhos?



Mas eis que não estou morto! Ouve-se…

Entre outros aturdidos pregões de varina,

Um alguém que jura, como amante na noite,

Que é de cabimento a liberdade e a vida.




20 de novembro de 2012

ECO HOMO

(IMAGEM FOTOGRAFADA E TRABALHADA PELA GESTORA DO BLOGUE)
 
 
 
Lémures vidrados de palha seca restolham nesses montes
Bem-aventuradas sejam essas escumas do desar ante o sol
Que eu canto aos velhos ventos da humana ordem
Estiada papoila de verde esgrimo e acutilado apuro
 
Desova de novos divos pululam por aí adiante em bagalhoça
Caldeando em ferro frio vindouras fés da alimária força
 Mas eu sou parco de crença e gasto de entulho podre
E nestes ossos velhos só já cabe uma mão esgarça de pó
 
Em argúcia as anosas deploram ao astro rei os dias de romaria
Borbulham viperinas agarradas a esse deus que ignoram
Mas que velam e veneram entre ecos da devassa vizinha
Pias no negrume dos seus xailes descorados de maridos
 
O Homem vivo e carnudo basta-me hoje como ontem
Sempre foi forte o gosto por uma lingueta de cores
Um nacarado de sangue e um rendilho de músculos
Para plenificar a ardósia divindade de se ser inteiro


19 de novembro de 2012

DEPERECIMENTO

(IMAGEM FOTOGRAFADA E TRABALHADA PELA GESTORA DO BLOGUE)
 
 
É pena ter amado tão pouco!
Ter dado tudo sem receber nada.
Ter encantado o mais louco,
Na loucura que ondeia na vaga!
 
É pena ter amado tão pouco!
Tão pouco por tanto tempo,
É um sonho que foge oco,
E deslumbra na áurea do vento.
 
Amar sem poder fugir,
Sem perder e sem ganhar.
Querer por demais partir...
Abrir as asas e voar…