20 de julho de 2015

TORNA-VIAGEM

IMAGEM FOTOGRAFADA E EDITADA PELA GESTORA DO BLOG - VILA FLOR - MÊS DE JUNHO DO ANO DE 2015


É imenso este cheiro de memória que me leva a ti... ao afago do teu sorriso, à nudez do sentir, a essas  mãos rudes e fortes, bóias no caos da tempestade... regressarei sempre a estas cinzas frescas de um passado que foi hoje, infância que herdei em ti mais que a vida, o completo Amor. Que gritem os deuses se ao acaso se distraírem porque viverás para todo sempre aqui.


19 de julho de 2015

CONTRAFORTE

IMAGEM FOTOGRAFADA E EDITADA PELA GESTORA DO BLOG - NISA - MÊS DE JUNHO DO ANO DE 2015

Afirmar contra os outros não é o mesmo que nos afirmarmos...
Que mania essa de se querer suicidar, memórias!
Bom Homem! Memórias!
Sangue quente, primitivo e vivo.
Um rosto, um abraço e o mistério do toque.
Pedaços vÍvidos de eternidade.
É este, Homem, o teu cerne.
Memórias, apenas, memórias...
Pedaços teus despojados de deuses.

16 de julho de 2015

CENTÍPEDA

IMAGEM FOTOGRAFADA E EDITADA PELA GESTORA DO BLOG - LISBOA - ANO DE 2012.


Cerne, questão das questões
Medo e angústia, filtro de ar
Que respiras e depauperas
                               - Aniquilações

Razão, prensa de demanda
Sobressalto perene e frio
Raia de verdade entre o areeiro
                                     - metafísica


12 de julho de 2015

É A VÉSPERA DE NÃO PARTIR NUNCA!

IMAGEM FOTOGRAFADA E EDITADA PELA GESTORA DO BLOG - CASA FERNANDO PESSOA  - MAIO DO ANO DE 2015


Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para partir ainda livre no dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!
Grande tranquilidade a que nem sabe encolher ombros
Por isto tudo, ter pensado o tudo
É o ter chegado deliberadamente a nada.
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre,
Como uma oportunidade virada do avesso.
Há quantas vezes vivo
A vida vegetativa do pensamento!
Todos os dias sine linea
Sossego, sim, sossego…
Grande tranquilidade…
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que grande prazer olhar para as malas fitanto como para nada!
Dormita, alma, dormita!
Aproveita, dormita!
Dormita!
É pouco o tempo que tens! Dormita!
É a véspera de não partir nunca!


Obras completas de Fernando Pessoa  Poesias de Álvaro de Campos – Pág. 62 – Edições Ática – Novembro de 1986.

11 de julho de 2015

COTEJO

IMAGEM FOTOGRAFADA E EDITADA PELA GESTORA DO BLOG - ROSSIO ANO DE 2014

Há uma razão simples porque nunca prometo o "para sempre", é que o "para sempre" nunca foi meu, e portanto, seria a ilusória promessa de algo que nunca esteve na minha mão. Convenhamos, já coexistem sobejamente cegas ilusões nos olhos destes homens para que se lhe tenha de acrescentar mais uma.