13 de junho de 2011

ESCOLHER PARA DISFRUTAR

(Imagem retirada aqui)


As escolhas são um dos calcanhares de Aquíles do Homem. Numa panóplia de "ses" é sempre dificíl seguir um caminho, especialmente, quando todos se querem e nenhum se alcança e isto porque, fieis á nossa condição, nos sentamos no meio da praça em profunda espera meditativa do... nada.

Saint-Exupéry é um daqueles homens raros, de espinha dorsal bem contruída, deixou aos homens mais rotas do que as que ele próprio percorreu enquanto piloto.

A Cidadela é um livro extrordinário, simples e contudo vasto na sua humanidade meditativa e acima de tudo vivencidada, aqui fica um trecho:

"A angústia invade quer o inquieto, exclusivamente deslumbrado por aquilo que arde com uma luz vaga, quer o poeta cheio de amor pelos poemas que nunca escreveu o seu, quer a mulher apaixonada pelo amor, mas incapaz de devir por não saber escolher. Eles bem sabem que eu os curaria da angústia se lhes permitisse esse dom que exige sacrifícios e escolha e esquecimento do universo. Porque determinada flor é, em primeiro lugar, uma renúncia a todas as outras flores. E, no entanto, só com esta condição é bela. É o que acontece com o objecto da troca. E o insensato, que vem censurar a esta velha o seu bordado, sob o pretexto de que ela poderia ter tecido outra coisa, demonstra com isso que prefere o nada à criação."

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"  - o texto supra foi retirado do Citador

4 de junho de 2011

QUE SABEMOS NÓS? NADA.



(Imagem fotografada e trabalhada pela gestora do blogue.)


Fernando Pessoa é um Universo com Universos dentro. Homem da razão a quem o sentido ecoa como um problema metafísico.

Para todo o resto, ficam as suas palavras sempre auto-suficientes e sem necessidade de tradução.

Os excertos que se transcrevem foram retirados daqui.


Que sabemos nós? Nada. O mistério cerca nos e penetra nos. A religião com suas infantilidades, a metafísica idealista com os seus delírios são ainda assim superiores ao materialismo porque nelas há a intuição do mistério que o materialismo não tem. Esta falta estigmatiza o de falso.

*

De todas as nossas faculdades a razão é a mais alta, porque é a única que a si é suficiente (self sufficient) .

*

Há quem queira dizer: o problema: o homem é imortal resolve se por ter sido lembrado: é falso.

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Os Postulados do Racionalismo.

Existência de Deus.

1. Há um mistério.

Outra busca metafísica: que relação tem esse mistério com o mundo [?]

2. O mundo que vemos não mostra essa verdade: manifesta o mistério silentemente. Como diz Pascal: «La nature ne montre pas Dieu; elle le cache.» Não; a natureza mostra e esconde o mistério.

s.d.

Textos Filosóficos . Vol. I. Fernando Pessoa. (Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho.) Lisboa: Ática, 1968 (imp. 1993).





3 de junho de 2011

OLHAR

(Imagem tirada daqui)


O assombro! Bons deuses! Que fizestes vós Homem dos homens?

A manhã nasce imperturbada dos cunhais da desdita.

Um olhar, um só olhar… fero, profundo, insano e lasso.

Um tom cinza como as escarpas da desordem…

Dois em um de nós são só carne, ossos e solidão.