16 de fevereiro de 2009

A MINHA DISSEMELHANÇA




Caminhando a direito, pelo tempo vazio das feras...
Temporizo o ardor de ser preza fácil,
para os prazeres celestiais.


Quem sabe se de antemão, perdoam os Deuses
a dor genérica e convertida dos Homens…
Não me infere esta incerteza duvidosa,
como não me inferem os Homens.
A meio caminho entre uns e outros,
estanco! Para não ser volteada.
Sei que de alma própria todos somos.
Mas até que ponto, é a minha mais própria
que a dos outros?
Marco pela dissemelhança o meu prezado passo,
que antes de mais, meu só é!
Meu, por de tanto o cogitar! Meu, pelo o que faz,
só a mim orçar!

Meu, porque além do ser da razão,
o é do corpo sentido, do peito vertido!
Não será por isso que, não me encaixo nuns,
e me extravaso nos outros?

15 de fevereiro de 2009

Responsabilidade = Oportunidade

“As pessoas fogem às responsabilidades, e essa atitude é uma das causas de mal-estar. Pensam que as responsabilidades desaparecem por si se as ignorarem ou evitarem. A base da evolução e a realização é a responsabilidade. Responsabilidade é o preço a pagar pelo direito de fazermos as nossas próprias escolhas. Responsabilidade é apenas outra palavra para designar oportunidade. E tornamo-nos ricos ou pobres para sempre conforme aproveitarmos ou deixarmos fugir a oportunidade.” - Alfred Montapert, in 'A Suprema Filosofia do Homem'


A maior parte das pessoas tende a dramatizar, a ver as coisas por um prisma brumoso e sinuoso; começo a adquirir a sensação de que, é mais fácil viver no teatro do infortúnio e da infelicidade fincado nos “ais”, do que, propriamente na vida.

Tudo é mau ou tudo é bom, tudo é preto ou tudo é branco, resumindo, oito ou oitenta, e isto é usado ao mesmo tempo como capa e como desculpa.

Um dia tem 24 horas, nessas vinte e quatro horas produzimos cerca de 60 mil pensamentos, se analisarmos o teor desses pensamentos, reparamos que eles se redundam em coisas negativas e isto porquê? Porque nos desresponsabilizamos, não tomamos consciência da nossa conduta, seja ela, uma conduta de actos ou de pensamentos.

Culturalmente e socialmente, a responsabilidade foi-nos incutida como algo de pesado, um fardo que faz brotar e desejar o caminho da fuga.

Contudo, responsabilidade não é peso, e muito menos medida, não se medem os actos pelo teor da sua responsabilização, não se medem os homens/mulheres pela sua responsabilidade, porque isso é quixotesco e é medida vulgar de quem por pura preguiça se recusa a ver os outros pelo seu próprio ser e os vê antes, por uma bitola formatada.

Responsabilidade é oportunidade, porque responsabilidade é assimilação, é auto-conhecimento, confrontação (não com terceiros mas connosco), é assunção dos nossos actos, e é como diz Montapert “o preço a pagar pelo direito de fazermos as nossas próprias escolhas”.

E como é pago esse preço? O preço da desresponsabilização? Garanto que não é pago fora de nós! Ele é pago à custa da nossa própria evolução, é pago com o sabor a vazio dos dias, com a opressão do ser que, assim, permanece encurralado no meio da praça, alheio aos múltiplos caminhos que pode percorrer.

Quem não aceita a sua responsabilidade não vê a sua oportunidade, porque a não assimila, não cresce, não evolui em suma, não caminha pelos seus próprios passos.

Se podemos pagar o preço de um bom jantar, porque isso nos dá prazer, porque é que nos recusamos a pagar o preço da responsabilidade, se isso nos trás a oportunidade e por conseguinte, o caminho?

Até quando, manteremos os olhos fechados para o nosso próprio ser? Até quando ouviremos primeiro a critica antes de efectuamos o acto? Até quando nos quedaremos ao exterior sem nunca nos aventurarmos nas múltiplas vias do nosso EU?

Ficam as questões, ou, oportunidades!

O que é este blog, será igual a tantos outros?



Criei este blog por puro egoísmo, pela pura volúpia de escrever as minhas palavras, talvez mesmo, pelo cansaço das palavras dos outros.

Exausta dos gestos, das verdades e pensamentos sempre iguais, onde o que muda é só um rosto, decidi cair nessa doce e pura liberdade de criar. Fiz da vontade fio condutor para penetrar as entranhas do ser e libertar a minha diferença.

Segundo os santos ditames da sociedade, ser-se diferente é ser-se vagabundo nas ruelas da vida, portador das maleitas do mundo, coitadinho que se observa de soslaio pelo canto do olho enquanto continuamos no nosso caminho, sempre tão importante, sempre tão igual, sempre tão cheio de verdades resolutas e perfeitas.

Eu, para acrescento dos pecados, não sei quedar-me na vulgar censura, por isso, confesso-me vagabunda nas vielas do ser, nómada nos meandros do pensamento humano, viajante irrequieta e errante por entre o sempre igual, em busca daquele traço livre que distingue um dos demais.

Talvez… comporte ainda esta minha alma partículas dos genes daqueles que um dia acordaram com vontade de ir mais além, de despertar da monotonia dos medos e dos tabus, das histórias inventadas para esconder os anseios da solidão e que, de brilho nos olhos, fogo no peito e liberdade na alma, assim, partiram para além do Bojador.

Se terá este blogue utilidade ou não, pouco importa, porque, este blogue não foi criado para ser só mais um entre os demais, mas para ser UM entre os demais.

Seja bem-vindo, aquele que vem pelos seus próprios passos!