14 de janeiro de 2014

UTOPIA

"DESESPERO" - QUERUBIM LAPA, 1950.


Utopia ardente, sonho em mim...
Quem dera outrora desconhecer,
Este começo de fim!
Sonhos que um dia fingi conter.

E do tempo? Que doce ilusão...
Desvelada sombra de ternura,
Que agora esta larva leva para a tortura!

Do imaginário sonhador tentei viver,
Para nascer este incenso que vi morrer.

Que quebra, que rotor…
E de mim me fiz perder...

Perder o Norte, o Sul.
E o Condor?
Alto imponente senhor da dor…
Imploro! Não me deixem morrer!

4 de janeiro de 2014

DESMANDO

(IMAGEM FOTOGRAFADA E TRABALHADA PELA GESTORA DO BLOG)


Só um grande amor consegue ter em folha a sua linha de papel
Só uma grande vontade consegue fazer das garras rosas
Fugazes pétalas de um ser que se acende
Dentro fora, fora dentro, monocórdico tempo de um alguém
Dizem que há viagens sem regressos
Como naus de destino sem fim
Daquelas que se esvaecem adentro
Em febril e singular tormenta
Só um grande desejo acende esse homem
Talvez por não saber que a bola que lhe saltita nas mãos é tão-somente o mundo
Mas porque se reconhece nos passos vazios e ocos da lira dos sentidos
Só uma grande luz se apaga na escuridão cevada da voz
Não por se quedar, antes, por ganhar asas e voar

INTER MUNDOS

(IMAGEM FOTOGRAFADA E TRABALHADA PELA GESTORA DO BLOG)


Faz tudo como se eu te contemplasse!
Como se a água fosse o vinho,
Com que embalas a alma.

Faz tudo como se eu te contemplasse!
Como se o horizonte fosse cor,
Bocejo e passarola de voar.

Faz tudo como se eu te contemplasse!
Como se os sonhos que eram meus,
Se prendem-se ao desejos teus.

Faz tudo como se eu te contemplasse!
Como se um ósculo fosse sinfonia,
Dispersa em púcaros de melodia.