(Imagem fotografada e editada pela Gestora do Blog)
O escritor não pode ser confinado a um mero
contador de estórias, a um embelezador das mundanárias liberalidades. Nem pode
ser encarcerado na veleidade oblíqua da palavra, porque isso redunda-o a um
mero escrevinhador de pasquins. O verdadeiro escritor deve ser livre, no todo
da liberdade que é, no todo da responsabilidade de ser, desnudo de formas e
preceitos.
Camus frisava que o sofrimento de um homem
deve tirar o escritor do seu exílio. Assim é de facto. A função de escritor,
mais do que a criação é a entrega do homem ao homem. Não faz sentido que a
escrita seja um silogismo de narcisismo espelhado, porque todo o ser humano se
vê ante o espelho e isso de nada lhe serve na procura do desconhecido que é.
É função
do escritor criar nesse oceano bravio portos de abrigo onde se possam ancorar
os navios transviados. E é no sofrimento do homem que ele adquire o cinzel com
que há-de bulir o caminho de encontro. Aquele que tomou para si este ofício jamais
poderá olvidar que a sua pena tem um só fim, chegar ao homem pela mão do homem.