13 de novembro de 2015

SCRIPTA

(Imagem fotografada e editada pela Gestora do Blog)


O escritor não pode ser confinado a um mero contador de estórias, a um embelezador das mundanárias liberalidades. Nem pode ser encarcerado na veleidade oblíqua da palavra, porque isso redunda-o a um mero escrevinhador de pasquins. O verdadeiro escritor deve ser livre, no todo da liberdade que é, no todo da responsabilidade de ser, desnudo de formas e preceitos.
Camus frisava que o sofrimento de um homem deve tirar o escritor do seu exílio. Assim é de facto. A função de escritor, mais do que a criação é a entrega do homem ao homem. Não faz sentido que a escrita seja um silogismo de narcisismo espelhado, porque todo o ser humano se vê ante o espelho e isso de nada lhe serve na procura do desconhecido que é.
É função do escritor criar nesse oceano bravio portos de abrigo onde se possam ancorar os navios transviados. E é no sofrimento do homem que ele adquire o cinzel com que há-de bulir o caminho de encontro. Aquele que tomou para si este ofício jamais poderá olvidar que a sua pena tem um só fim, chegar ao homem pela mão do homem.


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