27 de maio de 2009

CAVALGADA



Já rebentei de correr
Sete cavalos a fio.
O primeiro era cinzento
Com sonhos de água sem fundo
E cor do norte o segundo
Com ferraduras de prata.
O terceiro era um mistério
E o quarto cor de agonia.
O quinto, de olhos em brasa,
Era só prata e espanto.
O sexto não se sabia
Se era cavalo, se vento.
Corria o sétimo tanto
Que nem a cor se lhe via.
Quanto mais ando mais meço
As distâncias que há em mim
Cada desejo é um fim
E cada fim um começo.

Armindo Rodrigues



Todos possuímos os sete cavalos, as sete metáforas de existência. Não se diga que, não existe um começo em cada fim, nem que, taxativamente, o de hoje é o de sempre porque, o é somente, quando nos recusamos a ver e passamos a viver de memórias, como pináculos ocos, resquícios de um outrora.

Pode-se dizer que sente perda em cada fim, mas isso, é parte do crescimento...

Em cada fim há um começo e em cada começo um espraiar do ser e, irmãmente, uma evolução da coluna vertebral, pois ela não está nem completa, nem enformada à nascença e muito menos se finda com o crescimento físico.


Recusam-se tantos a crescer, com medo de um envelhecimento qualquer, com medo de se perder um “je ne sais quoi”… crescer não é perder, nem envelhecer, só assim o é quando se recusa, esse doce mel do abrir das asas, quando se estagna e se vive num limbo que não é nem presente, nem passado, nem futuro!

É preciso saber medir as distâncias que existem em nós… é preciso aprender a soltar e a agarrar as rédeas.


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