31 de maio de 2009

SER POETA

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendos
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)

Tantas foram as vezes que tentei descrever o Poeta, esse, que vive do imaginário sonhador, esse, que da palavra faz arte, esse, que com palavras nos arranca dores nunca sentidas, que nos revolve as entranhas e nos beija como amante …

E outras tantas vezes me quedei…

E depois, leio este poema de Florbela, mergulho nos infinitos do sentir e tudo se completa… ante a imperícia de definir o Poeta, resta-me… singelamente, senti-lo.

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