(IMAGEM RETIRADA AQUI)
Nos dias que correm torna-se cada vez
mais difícil encontrar pessoas únicas, de sentido próprio,
daquelas que são como são, que mesmo ao pensarem num conceito universal, impõem
à tradução do seu pensamento um cunho único. Pessoas que se destacam da
multidão pelo seu génio próprio, que riem, choram e berram à
sua única e singela maneira. Hoje, há como que uma estandardização do
Homem, e o diferente tornou-se banal, de fácil encontro a cada
esquina.
Não só vivemos uma época em que o que
conta é o exterior, como se vive, literalmente, do espelho, procura-se em
catálogo não só a imagem que ser quer ter, como o que se quer ser. A perfeição
exige-se, proliferam as cirurgias estéticas, criam-se fotografias baseadas na
imagem idealizada de um qualquer estereótipo e chama-se a isso beleza.
O Homem enveredou pelo caminho do
sempre igual, nessa fuga interminável do confronto consigo mesmo, refugiou-se
no espelho. Move-se como escravo ao comando ríspido da chibata de uma qualquer
frívola senhora moda dos tempos.
Numa época em que tudo se pode
encontrar no hipermercado do centro comercial da vila, não se conseguem
encontrar Homens de verdade, feitos de carne, sangue e ossos, feitos dos traços
próprios da vivência, marcados com as cicatrizes das batalhas vencidas e
perdidas na vida. Não, isso é pertença do passado, hoje adornamos o corpo,
polimos a pele até à lisura do mármore e saciamos o ego com
um regozijo ao espelho, eis Senhores que o Homem evoluiu!
Cai o pano, a luzes do palco
apagam-se, o que é que resta no silêncio, do teatro da vida? Que espelho
funciona na escuridão para alimentar esse ego insaciável? Que Homem se é
quando já não existem os outros para nos ver representar?
Mas não desesperemos! Nem
pensemos demasiado no porquê das perguntas, porque amanhã de novo
virá o nosso Amo de chibata em punho, comandar-nos a vida.
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