(IMAGEM FOTOGRAFADA E TRABALHADA PELA GESTORA DO BLOG)
Olhou-me com o seu ar vadio,
memórias de uma outra vida… memórias de um outro ser em que um só olhar
destronaria as ressequidas artérias dessa certeza de aço. Por fim, na queda de
um silêncio desgasto, pergunta-me: e agora?
E agora… e agora… e agora… as palavras
restolham num eco abrupto e irrascível. Não mais perguntas, não mais respostas,
não mais certezas, não mais dúvidas… só vazio. Fero, tardio e indolente, vazio.
Agarra-me as mãos com a força de
um marinheiro naufragado em alto mar, esquecido entre a tormenta da fúria e
desgasto pelo cansaço de uma luta dura. Trás na voz o despojo dos séculos, um
som de adeus na amargura de uma só pergunta, e agora?
Sem sentido, sem rota definida ou
bússola, retiro as mãos, quedaram-se os porquês na força bruta de um passo.
De joelhos, agarrado a esse peito
de sentimentos, chora. Chora com o rompante da verdade, o confronto da perda, a
realidade da utopia estilhaçada, assim, ante os olhos de um homem. Palavra que
se esquece entre o jogo de ilusões… a vida…
Ergue o olhar para esse imenso
azul, o céu, o porto de abrigo para os desalojados da alma. A imagem não é mais
que isso, imagem.
Como se de punhais se tratassem
esmurra o peito, na procura febril de que a dor física lhe afogue a dor da
alma… mas é preciso senti-la, bater no fundo desse mar de rocha, gritar a
plenos pulmões toda a inconstância da raiva, mesmo que num amanhã tudo não
passe de um lémure. Hoje, é hora de sentir até às vísceras.
Mas eis que não há fim… Alguma
vez o houve? Mesmo nos mortos, revisitamos em fotografias a esperança falaz do
para sempre… E assim, no meio do caos ergue-se voraz e indómito o, porquê?
Sem comentários:
Enviar um comentário