24 de setembro de 2010

RAPAPÉ


(Henri-Émile-Benoît Matisse)



Há fado na voz e nesse monte de cordas caído aí ao canto

Cornucópias tímidas percorrem essa luz de silêncio

Que poisas-te passava pouco mais das quatro da tarde.

Companheiro, a tua jorna não é tão distante

Que não caiba nela um abraço forte!



As toupeiras fogem já da terra arenosa

Aquela da qual falámos horas a fio nas tardes de enfadonho

São bichos esquisitos estes que se movem às cegas.



A vida tem destas coisas, ora se pulula de um quê

Ora se branda aos ventos pelas mesinhas da avó.

De igual só os sapatos que trago hoje

Porque esses não os mudo eu que é desperdício.



Das cantorias e dos versinhos sobra sempre uma companhia.

Se não lha arremata o tinto do velho Baco

Arremato-a eu que de calado só quando o sono me leva.



Já se faz tarde, foi de gosto chegar a este canto

A que chamas corpo e ao qual dás aprumos de rei.

Saudinha da boa e calma nos calcanhares

Que o tempo não anda para marés baixas.

 

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