25 de julho de 2011

EPOPEIA DO HUMANO


(Eugène-Henri-Paul Gaugin : Mahana no Atua  - 1894.)




Busco em ti a metáfora de verdades inverosímeis.

Há como que uma constatação fatídica do sempre igual

e eu descrente nas promessas dos deuses procuro em ti

a derradeira centelha do diverso, do colorido, do abismal enlace incógnito,

tal qual, libelinha frenética no imenso azul do céu.



Em consciente renúncia da razão, verto por todo o conhecido

ácido em proporções de mar na esperança de te sentir nu

dessa argamassa pungida dos tempos, dos homens e dos espelhos.



Não entrarão na epopeia números ou planos de arquitecto,

nem poderão as estrelas servir de guia a esta campanha.

Pois sobre mim derramei a última das mais firmes vontades,

a de chegar a ti, Homem ,escorrido do ventre e limpo de pulmões,

a quem se quedaram promessas de eternidade.

4 comentários:

Anónimo disse...

GENIAL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
VAMOS COLOCAR OS IDOSOS NA CADEIA ...
UMA IDEIA A EXPLORAR?

Veja no http://vindodospampas.blogspot.com/

Anónimo disse...

Li e adorei...
Parabéns pelo blogue!
Abraço

Susana Valério disse...

Obrigado Luz Efemera pelo comentário.

Susana Valério disse...

Vindo das Pampas,

Não é uma ideia que eu explore, a não ser que falássemos das ideias idosas e decrépitas sobre o Homem, que é mais, muito mais que carne e ossos.

Obrigado pela visita.