7 de outubro de 2012

ESDRUXULARIA

(COLOSSO - FRANCISCO DE GOYA)


Singularidades de crepúsculo feito manhã

A razão é depreda na sua lógica vespertina

A ânsia do ser trespassa as grilhetas férreas da alma

Como jugo descarado no certeza do ter

Dizem que o tempo é isso, inconstância nebulosa



O Poeta é fecundo no tresmalhar das palavras

Como se elas fossem Homem

Deus perdido no limbo da veleidade

Verdade dispersa nas malhas do corporal

Dizem que o sentido é isso, notas fendidas na pele



Espadas esculpidas de suor, sangue e lágrimas

Como se tudo fosse forjado a preceito

E os ossos não fossem mais que puzzle

Peças arrematadas a contento

Dizem que a vida é isso, fornalha de retalhos



Mas a lógica da razão também fere

Nas fissuras incontroláveis do pensamento

O sentido é feito aço que se quebra

Quando o gelo do real o envolve

Dizem que a verdade é isso, controlo absoluto do sopro



Dizem porque dizem... sem tempo lógico de viver

Sem razão de sentir as palavras que dizem.

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